Dez anos entre a idiotice de machões e o brilho de grandes leitores



Dez anos de um espaço dedicado aos livros e à literatura num país com sérios problemas na formação de leitores e numa internet que nos confina cada vez mais entre conteúdos ligeiros e superficiais. Um espaço que em 2019 se desdobrou em podcast e, em 2023, ganhou uma newsletter. É uma caminhada da qual me orgulho.

Olhemos apenas para a coluna. Foram mais de 1.600 edições ao longo desses dez anos. Nunca passei uma semana sequer sem publicar pelo menos dois textos, de vez em quando três, vez ou outra até mais.

Por aqui, já dei atenção ao mundo de coisas que podem caber dentro de um livro. Desde os deprimentes “para colorir”, passando por textos biográficos oportunistas de ex-BBBs ou celebridades em ascensão até a variedade de estilos e qualidades que encontramos no que mais me interessa: a literatura.

Prefiro Cormac McCarthy, Cristina Rivera Garza, Alberto Mussa, Annie Ernaux, Jon Fosse e Samanta Schweblin, mas topei e topo conhecer Colleen Hoovers ou Meninos do Acre para depois compartilhar com sinceridade o que penso de suas obras. Não nego a leitura, mas não peçam condescendência em resenhas.

Em fases bicudas de nossa democracia, me apoiei nos livros para tentar refletir sobre os caminhos obscuros ainda defendidos por tantos. Daí que vem o título do livro que lancei reunindo parte do que escrevi ao longo da carreira: “A Biblioteca no Fim do Túnel”, que saiu pela Arquipélago e foi um dos dez finalistas do Jabuti do ano passado na categoria crônicas.

Relinchos disparados contra certos livros deram a brecha para algumas das colunas mais lidas e compartilhadas desses dez anos. E que também me renderam o maior número de ofensas toscas e ameaças pueris. Nem sei se isso é exatamente bom, mas esse é um trabalho que nos caleja contra a idiotice dos machões virtuais.

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