
Do ponto de vista político, Bolsonaro ficou numa posição parecida com a de Lula em 2017. Prestes a amargar uma sentença criminal, não interessa ao capitão oferecer apoio a opções como Tarcísio de Freitas. Ele prefere simular a própria candidatura.
Bolsonaro sabe que sua pretensão será barrada pela Justiça Eleitoral. Faz da desincompatibilização de Tarcísio do governo paulista, que precisaria ocorrer em abril, uma opção arriscada. O provável indeferimento da falsa candidatura de Bolsonaro, em agosto de 2026, a dois meses da eleição —como fez Lula com Fernando Haddad em 2018—, levaria o “mito” inelegível a apoiar alguém de sua família, provavelmente o filho Eduardo.
Até aqui, Tarcísio submete sua hipotética moderação à coreografia de um futuro condenado. Disse que estará no palanque da anistia, no domingo. Bolsonaro faz do governador de São Paulo um refém de sua candidatura anedótica.
Há três meses, o Datafolha informou que 39% dos brasileiros avaliam que Bolsonaro é vítima de perseguição. Mas 52% acham que ele tentou dar um golpe de Estado. O risco que Tarcísio corre é o de quem olha de longe não distinguir quem é quem.