O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ridicularizou as tentativas da Dinamarca de defender a Groenlândia com patrulhas adicionais, incluindo dois trenós extras puxados por cães, e insistiu que os EUA assumiriam o controle ilha ártica.
O ministro da Defesa da Dinamarca admitiu que o país nórdico não fez o suficiente para proteger o território autônomo da Groenlândia, mas revelou planos de gastar US$ 1,5 bilhão em dois novos navios de inspeção, dois drones e duas patrulhas de trenós puxados por cães depois que Trump renovou suas ameaças e interesse pela ilha.
“Acredito que teremos a Groenlândia —porque realmente tem a ver com a liberdade do mundo. Não tem nada a ver com os Estados Unidos, exceto que somos aqueles que podem fornecer a liberdade. Eles [Dinamarca] não podem. Eles colocaram dois trenós puxados por cães lá duas semanas atrás, acharam que isso era proteção”, disse Trump a repórteres a bordo do Air Force One, avião presidencial americano, neste fim de semana.
Trump teve uma ligação telefônica de 45 minutos com a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, na semana passada, que cinco autoridades e ex-funcionários europeus descreveram ao Financial Times como acalorada e conflituosa.
As autoridades disseram que o governo dinamarquês estava em “modo de crise” depois que Trump se recusou a descartar a ação militar para tomar território de um aliado da Otan, e ameaçou impor tarifas direcionadas. Os EUA já têm a única base militar na Groenlândia, no norte da ilha.
A presença militar da Dinamarca na Groenlândia é atualmente limitada a um comando de apenas 75 pessoas e equipamentos que consistem em quatro navios, um avião de vigilância e várias patrulhas de trenós puxados por cães.
Tanto autoridades dinamarquesas quanto groenlandesas disseram que os EUA poderiam aumentar sua presença militar na ilha, e existiram discussões sobre uma segunda base ou adição de pessoal.
Troels Lund Poulsen, ministro da Defesa da Dinamarca, disse na véspera de Natal que, além dos novos navios, drones e patrulhas de trenós puxados por cães, Copenhague também atualizaria a pista de um dos principais aeroportos da Groenlândia para permitir que os caças F-35 —operados tanto pelos EUA quanto pelo país nórdico— pousassem lá.
Os EUA têm reconhecido repetidamente a soberania dinamarquesa sobre a Groenlândia, principalmente depois de comprarem o que agora são as Ilhas Virgens Americanas da Dinamarca, em 1917.
“Eu realmente não sei que reivindicação a Dinamarca tem sobre isso [a Groenlândia], mas seria um ato muito hostil se eles não permitissem que isso [o controle americano sobre a Groenlândia] acontecesse porque é para a proteção do mundo livre. Não é para nós, é para o mundo livre. Agora, você tem navios russos, você tem navios chineses, você tem navios de vários países. Não é uma situação boa”, disse Trump a bordo do Air Force One.
“Acho que [a questão da] Groenlândia será resolvida conosco. Acho que a teremos. Acho que as pessoas [da Groenlândia] querem estar conosco.”
Os países europeus correm para descobrir como reagir às ameaças de Trump contra a Dinamarca sem acabar na mira dele. Alguns instaram Frederiksen a revidar. Até agora, a primeira-ministra dinamarquesa insistiu que a Groenlândia não está à venda, mas recebeu com satisfação o crescente interesse dos EUA no Ártico.
O escritório da primeira-ministra disse que não “reconhece a interpretação da conversa” entre Trump e Frederiksen, mas se recusou a explicar com quais detalhes discordava. Autoridades dos EUA não contestaram a reportagem do Financial Times.