Sepé Tiaraju, inspirador da resistência – 07/02/2025 – Txai Suruí



No dia 7 de fevereiro é celebrado o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas. A data foi instituída em 2008 em referência ao assassinato, em 1756, de Sepé Tiaraju, também conhecido pelos guaranis como Karaí Djekupe (Senhor Guardião).

Tiaraju liderou seu povo contra colonizadores espanhóis e portugueses na região das missões jesuíticas, que abrangia áreas no sul do país, leste do Paraguai e norte da Argentina e Uruguai. Os povos indígenas lutavam pela manutenção de suas terras e modos de vida em todo o território que depois viria a ser o Brasil, sendo Sepé Tiarajú um símbolo dessa resistência que persiste até os dias atuais.

A cobiça pela terra e por seus bens fizeram com que os colonizadores invadissem e destruíssem as comunidades originárias sem piedade e escrúpulo; o interesse era aniquilar seu modo de vida. Sepé Tiaraju se destacou como líder e guerreiro, na linha de frente contra a colonização. Ele e milhares de homens e mulheres indígenas lutaram com seus corpos e espíritos em defesa da mãe terra e de seus filhos.

Os Sete Povos das Missões eram as reduções guaraníticas que a história trata de reduções jesuíticas. Mas os “reduzidos” foram os guaranis, confinados para que fossem erguidas as cidades, assim como aconteceu em São Paulo, com o Pateo do Collegio.

Os aldeamentos indígenas tinham estruturas econômicas e políticas auto-organizativas, diferentes das que pregavam os colonizadores, pois não se baseavam em relações geridas pela ganância e covardia.

Naquele tempo, as coroas de Espanha e Portugal guerreavam entre si disputando o território. Quando decidiram se juntar para exterminar o povo indígena, iniciaram as “reintegrações de posse” da época e decidiram que a área das missões ficaria para Portugal e que os guaranis seriam “espanhóis” e teriam de se retirar de lá.

Quem recebeu a notícia foi Sepé, que proferiu a conhecida frase: “Esta terra tem dono!”. Iniciaram-se aí as guerras guaraníticas.

E a história de ocupação, massacre e genocídio, até hoje contada nas escolas segundo a visão dos colonizadores, não é muito diferente do que acontece nos dias atuais. Nossos territórios continuam sendo invadidos e devastados por milicianos, garimpeiros, fazendeiros, grileiros, empresários especuladores e políticos que advogam por seus próprios interesses.

O povo guarani conta que Sepé Tiaraju morreu e renasceu para lutar mais uma vez e depois se tornou as estrelas que hoje chamamos de Cruzeiro do Sul.

Hoje, os povos indígenas seguem em sua luta contra a colonização, assim como lutou o grande guerreiro guarani, mostrando que a resistência indígena é uma árvore de raízes profundas por meio da qual garantimos nossos modos de vida e nossos territórios, enfrentando desde sempre os colonizadores.

Essa resistência se mostrou mais uma vez com a vitória dos povos do Pará que ocuparam a Seduc e tiveram um termo de compromisso assinado pelo governador Helder para a revogação da lei 10.820/24.

Os povos indígenas, as mulheres, os quilombolas e os professores decidiram seguir com a ocupação até sair revogação da lei 10.820/2024 no Diário Oficial.


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