O maior ‘risco Neymar’


Está aí o maior Risco Neymar.

Não é o risco de dar a ele um dos contratos mais caros da história e receber em troca sete partidas. Não é o risco de investir centenas de milhões de dólares e vê-lo se tratar da pior lesão da carreira em um cruzeiro com seu nome. Não é o risco de engravidar uma outra mulher quando a sua companheira já está grávida. Não é o risco de ele não pagar impostos. Não é o risco de ele ajudar um estuprador condenado. Não é o risco de ele entrar em um debate com outra celebridade no Instagram e destilar um caminhão de comentários misóginos. Não é o risco de ele perder um contrato multimilionário com a maior fornecedora de material esportivo do mundo por se recusar a colaborar com uma investigação séria após denúncia de assédio. Não é o risco de depositar nele toda sua esperança e ele não conseguir vencer uma Copa — ou qualquer outra coisa.

O maior Risco Neymar é discordar dele. É não se curvar diante da sua suposta grandeza. É não reconhecer que ele é o melhor, mesmo que as evidências dos últimos cinco anos apontem na direção contrária. É não torcer pelo seu sucesso como se fosse um membro da família. É não ignorar os fatos, intra e extracampo, aplaudindo de pé qualquer movimento seu.

Aí é que mora o perigo.

Mas o perigo, para qualquer mulher que atue no futebol, é onipresente. Está aí o machismo sofrido ontem pela jornalista Nathalia Freitas, do presidente do Atlético-GO, que não me deixa mentir. Está em todas as redações, zonas mistas, gramados, redes sociais. Está entre os haters e também entre os colegas.

O problema, meus caros, é que a gente não desiste fácil. Talvez isso aconteça comigo e com tantas outras, em algum momento, afinal nossa saúde mental tem limite. Por ora, porém, ainda estamos aqui. Atrevendo-nos até a julgar o inigualável Neymar Jr.



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