Oito meses depois de perder seu patrocinador, o Espaço Augusta, tradicional cinema da capital paulista, firma uma nova parceria e passa a se chamar Espaço Petrobras de Cinema, agora operando com o apoio da petroleira.
Apesar de ter continuado aberto nos meses em que esteve sem patrocínio, o endereço terá uma espécie de reinauguração na próxima terça-feira, com uma programação especial que dialoga com o histórico do cinema e com a trajetória do setor de parcerias culturais da Petrobras.
Serão exibidos três filmes em sessões para convidados. O primeiro é “Terra Estrangeira“, longa que pavimentou o caminho para a parceria entre o diretor Walter Salles e a atriz Fernanda Torres, agora em cartaz com “Ainda Estou Aqui“. O longa comemora três décadas neste ano.
Também integram o evento “Kasa Branca”, de Luciano Vidigal, que mais adiante será lançado pela iniciativa Sessão Vitrine Petrobras, e “Malês”, de Antonio Pitanga, bancado, em parte, pela empresa.
“Foi difícil, mas estamos chegando nos finalmente –ou nos inicialmentes. Eu estou satisfeitíssimo de estar movimentando toda uma equipe que estava cambaleando, para continuar o trabalho que sempre fizemos, com democracia na tela, apresentando uma diversidade de filmes”, diz Adhemar Oliveira, que administra o Espaço e segue com total liberdade na programação.
Oliveira ainda é um dos responsáveis pelo Cinesala, em São Paulo, o Cine Belas Artes, em Belo Horizonte, e o Cinema Glauber Rocha, em Salvador. Ele também administrava outras salas na capital paulista, bem como no Rio de Janeiro e em Brasília, mas vendeu a operação para a rede Cinesystem depois do fim do patrocínio do Itaú Unibanco, em maio passado.
“Com os fenômenos nacionais ‘Ainda Estou Aqui’ e ‘O Auto da Compadecida 2’, filmes tão díspares quanto esses fazendo sucesso, eu estou confiante que o ano começa bem. Agora com o patrocínio e o lote de filmes que vem pela frente, graças a um Oscar que está favorecendo produções independentes, estou otimista.”
O apoio ao cinema da rua Augusta pela Petrobras faz parte de um movimento de retomada e ampliação de patrocínios culturais por parte da petroleira, que em 2019 abandonou diversos eventos e equipamentos com quem mantinha parceria histórica, como a Mostra de Cinema de São Paulo.
De lá para cá, e com a mudança do governo Jair Bolsonaro para o de Lula, a estatal reformulou o programa Petrobras Cultural, explica Alessandra Teixeira, gerente de patrocínio. “A empresa tem seus momentos e suas estratégias, mas em 2023 nós passamos por um momento muito rico na nossa área”, afirma.
“Estamos animados para a Petrobras estar novamente numa sala de cinema, ainda mais neste momento de mostrar cada vez mais a potência do cinema nacional”, continua. Foi a Petrobras, diz, que procurou Oliveira para firmar a parceria, e não o contrário.
“A Petrobras retoma o seu papel de grande patrocinadora da cultura brasileira e do cinema nacional. Nada mais natural do que aproveitar essa oportunidade com esse grande ícone”, completa Milton Bittencourt, gerente setorial de patrocínio cultural.
A petroleira patrocinou outras salas no passado, como a Cinemateca Capitólio, em Porto Alegre, o Cine Odeon, no Rio de Janeiro, e o antigo Cinearte, em São Paulo. A saída da Petrobras deste último foi um dos motivadores para seu fechamento em 2020. Há quatro anos, o endereço foi reinaugurado como Cine Marquise.
O contrato firmado entre Oliveira e a Petrobras tem validade de dois anos e, segundo ele, injeta otimismo no parque exibidor como um todo, diante da instabilidade vivida por outros cinemas, em especial depois da pandemia de Covid-19, que derrubou as bilheterias aqui e lá fora.
O Espaço Petrobras de Cinema é composto por cinco salas, distribuídas entre os números 1.475 e 1.470 da rua Augusta, na Consolação. O segundo, chamado de Anexo, atualmente protagoniza um imbróglio com a incorporadora Vila 11, que comprou o imóvel onde está localizado e pretende derrubá-lo para construir um prédio de uso misto, que deve incluir novas salas de cinema.
