Duelo com Alcaraz é primeiro grande teste para o time Djokovic-Murray



Djokovic enfrenta Alcaraz nesta terça-feira, em um duelo precoce, válido ainda pelas quartas de final. E será aí que veremos em que Andy Murray consegue fazer a diferença a favor de Djokovic. Até agora, Nole vem fazendo um torneio bem a seus moldes, jogando do fundo de quadra, apostando na sua consistência e na sua capacidade física. Não mostrou nenhuma novidade tática realmente relevante. Porém, se a ideia é colocar em prática algo novo contra Alcaraz, talvez esconder essa novidade durante a primeira semana do Australian Open tenha sido inteligente.

Dois grandes pontos de interrogação

Murray passou os últimos anos de sua carreira brigando contra tenistas mais jovens, mais ágeis, que batiam mais forte na bola e que tinham a capacidade de resistir fisicamente por mais tempo. Ainda assim, foi competitivo aqui e ali. Anotou vitórias importantes em jogos longos. Encontrou maneiras de igualar-se (ou quase isso) diante das dificuldades de quem precisava jogar com um quadril de metal.

O desafio que Djokovic encontra aos 37 anos não é tão diferente assim. Sinner e Alcaraz voam em quadra. Batem fortíssimo na bola quando querem. Sacam bem e têm ótimas devoluções. Nole tem vivido altos e baixos físicos, inclusive com quedas consideráveis durante trechos de certas partidas. Tecnicamente, ainda é um grande devolvedor e tem dois excelentes serviços. Em jogos longos, contudo, talvez esse pacote não seja mais o bastante contra Alcaraz e Sinner, e a tendência é que essa diferença física aumente à medida em que Nole se aproxima dos 40, e seus rivais têm 21 e 23 anos, respectivamente.

Há dois pontos de interrogação interessantes antes do duelo desta terça. O primeiro é justamente sobre Nole e seu plano de jogo. Que armas diferentes o sérvio vai usar para surpreender e, possivelmente, evitar que seu condicionamento físico (que deu um susto no jogo contra Machac) lhe impeça de jogar pontos longos contra Alcaraz? Vai encurtar os pontos? Como? Curtinhas não são habitualmente seu forte. Nole subirá mais à rede? Chamará os rivais à rede? Difícil prever no momento, sobretudo porque Djokovic não fez nada disso até agora em Melbourne. O duelo com Alcaraz será o primeiro teste real para a contribuição de Andy Murray.

A segunda questão diz respeito ao movimento de serviço de Alcaraz. O espanhol vem colocando em prática um movimento novo, diferente, mais fluido. É algo que vem sendo implementado desde a pré-temporada, e como esse período no circuito mundial é curtíssimo, Carlitos ainda está se familiarizando com o novo serviço. Colocar em quadra um novo serviço, sem 100% de consistência e confiança, diante da melhor devolução do planeta, é um grande risco. Um risco necessário, evidentemente, porque 1) Carlitos teve lesões no braço recentemente; e 2) não há tempo de fazer esse tipo de ajuste fora dos torneios. Ainda assim, trata-se de um cenário perigoso para Carlitos. Como seu novo movimento vai funcionar nos 30/30 e nos 30/40 da vida? Será que Alcaraz arriscará menos o primeiro serviço? E se jogar assim, não abrirá as portas para as devoluções mortais de Djokovic? Difíckl prever no momento, afinal Alcaraz não foi realmente exigido no torneio até agora. Nole será seu primeiro teste real.



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