Ao trocar o X/Twitter pelo Bluesky, ganhei alguma paz de espírito: caiu drasticamente a exposição a assuntos que não me interessam em absoluto.
Um desses assuntos é o Big Brother Brasil. Fiquei quase alienado de factoides relativos ao BBB.
Quase.
Porque a chamada mídia tradicional, como esta tela em que deixo minhas impressões, insiste em usar o reality show como ferramenta para obter audiência. Se não posso derrotá-los, junto-me a eles: tomem BBB na cabeça.
Por ora, a grande questão deste BBB parece girar ao redor de Gracyanne Barbosa, ex-mulher do pagodeiro Belo, famosa pelo físico musculoso, sarado e marombado.
Todo dia leio algo sobre os 40 ovos que Gracyanne comia para manter a maromba em dia –e sobre o que ela deveria fazer no confinamento para manter a ingestão de proteína sem tantos ovos à sua disposição.
Os relatos sobre a mulher e seus ovos ultrapassam os limites do grotesco. Um episódio do passado é particularmente escatológico.
Como a dieta peculiar lhe causou constipação severa, Gracyanne passou horas trancada no banheiro, no afã de evacuar. Belo entrou em desespero, pois ela sumira de vista e ele logo concluiu que havia sido sequestrada.
Gracyanne é a personagem perfeita para o Big Brother, pois alimenta nosso sadismo com generosidade.
É uma pessoa pitoresca, diferente, fora dos padrões, que pode facilmente ser rotulada como estranha ou até maluca. Tudo o que o telespectador quer ver nesse tipo de espetáculo.
Ninguém liga no BBB para saber de jogo ou estratégia, assim como ninguém assiste ao MasterChef para aprender a cozinhar.
O público dos reality shows quer mais é ver o elenco se lascar, se estropiar, se dar mal, passar vergonha. Quer ver gente que pareça esquisita e que aja de forma inusitada, para que ele, o telespectador, sinta-se normal e ajustado.
De posse de tal conhecimento, a produção se esmera para recrutar participantes que cumpram a missão com galhardia.
Sob esse ponto de vista, a escolha de Gracyanne Barbosa e seus 40 ovos foi um golaço do Big Brother Brasil.