As negociações para formar o primeiro governo de coalizão da Áustria liderado pelo Partido da Liberdade (FPO), de extrema direita, desmoronaram nesta quarta-feira (12), depois que as negociações com o Partido Popular Conservador (OVP) já haviam parado, com cada lado culpando o outro.
O FPO, eurocético e amigo da Rússia, vinha tentando liderar um governo pela primeira vez desde sua fundação na década de 1950 sob um líder que foi um nazista proeminente. A legenda venceu as eleições parlamentares de setembro de 2024 com 29%, mas só formou governo mês passado após falhar em tentativa com centristas. O OVP era o único parceiro de coalizão possível.
“O líder do FPO, Herbert Kickl, informou o presidente Alexander Van der Bellen que as negociações de coalizão com o OVP falharam”, disse o FPO em um comunicado momentos depois que Kickl se encontrou com Van der Bellen no escritório do presidente nesta quarta.
A bola está agora no campo de Van der Bellen. Provavelmente, uma tentativa centrista de formar um governo será revivida ou a república alpina seguirá em direção a uma eleição antecipada, com pesquisas sugerindo que a liderança do FPO sobre outros partidos aumentaria.
O FPO havia planejado inicialmente chegar a um acordo rapidamente, uma vez que se sobrepõe ao OVP em muitas questões, especialmente adotando uma linha dura sobre imigração.
Mas o clima azedou quando ficou claro que o FPO estava fazendo muitas exigências que sempre seriam difíceis ou inaceitáveis para o OVP.
“Antes que os pontos restantes de contenda pudessem ser esclarecidos no nível do negociador-chefe, o OVP insistiu em esclarecer a distribuição de pastas no início de fevereiro”, disse Kickl em uma carta a Van der Bellen, dizendo que estava devolvendo seu mandato de formar um governo.
“Embora tenhamos feito concessões ao OVP em muitos pontos nas conversas subsequentes, as negociações foram, em última instância, malsucedidas, muito para nosso pesar”, disse Kickl.
A insistência do FPO em controlar tanto o Ministério das Finanças quanto o Ministério do Interior foi um grande obstáculo nas negociações, assim como uma lista extensa de exigências, como exceções às sanções contra a Rússia ou questionar a primazia das decisões do tribunal da União Europeia.
Ambos os lados emitiram declarações sugerindo uma divisão de ministérios na manhã desta quarta. O OVP também disse que o FPO não havia abordado sua demanda de que questões fundamentais fossem garantidas, como o estado de direito, a ausência de influência russa e a Áustria sendo um “parceiro confiável da União Europeia”.
O FPO respondeu que esses princípios incluíam pontos que os líderes dos partidos precisavam discutir, mas “o OVP se recusou a ter essa discussão porque queria resolver conclusivamente a questão dos ministérios primeiro”.
Essa troca de acusações é excepcional, uma vez que os partidos haviam concordado em não tornar públicos unilateralmente os detalhes de suas conversas. Isso sugeria que eles não eram mais capazes de realizar tais discussões a portas fechadas, ou que poderiam estar mais preocupados com a percepção pública à medida que suas negociações fracassam.