Mais uma vez, Lula voltou a defender a exploração de petróleo e criticou o Ibama pela falta de autorização para que a Petrobras realize estudos na costa do Amapá. Pressionando o Ibama pela concessão da licença para perfuração no bloco 59, a 160 quilômetros da costa do Amapá, o presidente comentou que “não dá para ficar nesse lenga-lenga” e que “o Ibama é um órgão do governo parecendo que é um órgão contra o governo”.
O pedido da Petrobras para perfurar o bloco 59 foi negado pelo Ibama em maio de 2023. A empresa recorreu e o processo segue sob análise. A ofensiva contra o Ibama aumentou após a eleição do amapaense Davi Alcolumbre para a presidência do Senado. É a lenga-lenga do presidente Lula com a transição energética. A lenga-lenga para combater o desmatamento, a lenga-lenga para demarcar terras indígenas, a lenga-lenga dos países e líderes mundiais que virão para a COP30.
A exploração de petróleo na bacia Foz do Amazonas traz diversos riscos para o meio ambiente, o clima e o mundo. Os países signatários do Acordo de Paris ainda não assumiram o compromisso de eliminar a dependência mundial dos combustíveis fósseis. Os 19 principais produtores de petróleo, incluindo o Brasil, persistem na expansão da sua produção. Além da saída do Acordo de Paris dos Estados Unidos, o maior produtor de petróleo do mundo. O presidente da Argentina, Javier Milei, avalia sair do Acordo.
As mudanças climáticas são transformações a longo prazo nos padrões de temperatura e clima. As atividades humanas são o principal impulsionador dessas mudanças, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e gás. Eliminar o uso dos combustíveis fósseis é essencial para o futuro da vida no planeta.
Liberar a exploração de petróleo na Amazônia vai na contramão de qualquer compromisso climático. A maior floresta tropical do mundo, no caso de um “acidente” (como insistem em chamar), poderia ter milhares de espécies da fauna e da flora impactadas, um bioma com espécies únicas. Na bacia da Foz do Amazonas está localizado o maior corredor contínuo de manguezais do planeta. Além das comunidades tradicionais e indígenas que vivem lá. Não dá nem para medir o tamanho do impacto que esse ecossistema poderia sofrer.
A ideia de que o petróleo vai bancar a transição energética é uma falácia. Na verdade, grande parte do recurso será para pagar salários, aposentadorias e a dívida pública; e muito pouco para a transição energética, como mostra uma pesquisa do Inesc. O aquecimento do planeta já vem gerando fenômenos climáticos extremos, que afetam milhares de pessoas e podem fazer com que a Amazônia chegue no ponto de não retorno, em que ela perde a capacidade de produzir chuva e começa a atuar como um sumidouro de carbono.
O Brasil vem conseguindo reduzir sua emissão de gases de efeito estufa por meio da queda do desmatamento. Mas, mesmo que consiga zerar o desmatamento, como promete o governo, as emissões vindas da queima do petróleo da Foz do Amazonas anularão esses ganhos. Não aceitamos mais falsas promessas em nome do “desenvolvimento” que condena nosso futuro e destrói nosso planeta.