
Se antes precisava parar tudo para vencer uma página, como começou contando, hoje, alguns minutos e talvez uma cadeira, já bastam. “Agora eu consigo ler com pessoas falando em volta, com muito barulho. Aos poucos fui pegando meu hábito de me conectar com a história, de me concentrar”. O melhor jeito de ler um livro é o seu, o recado é esse.
Os desafios da leitura no Brasil
Em novembro do ano passado, a 6ª edição da “Retratos da Leitura no Brasil” mostrou que 53% das pessoas entrevistadas não leram nem mesmo parte de uma obra nos três meses anteriores à pesquisa. Foi a primeira vez que os dados mostraram que a maioria da população brasileira não lê livros. Por quê? O Bill e a Suzi Soares têm alguns palpites.

A Suzi, que ainda não tinha aparecido nessa história, é cofundadora do Sarau do Binho. E o Sarau do Binho, vale pesquisar mais, é um importante movimento literário brasileiro. Começou num bar, nas noites de segunda, quando as pessoas se encontravam para falar de livros e declamar os poemas que faziam. A partir daí, cresceu. Ônibus cheio, qualquer dia da semana, às seis da tarde, e na saída do Terminal Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, você encontrará a Suzi e todo o time do sarau distribuindo livros de graça. Cuidadosamente organizados num tecido colorido, estendido por todo o chão.
“Penso que muito disso”, a diminuição no número de pessoas leitoras, “se deve às novas possibilidades que as tecnologias trouxeram”, ela observa, apontando o surgimento das plataformas de streaming e grande oferta de filmes e séries. “E ainda tem as redes sociais, que nos tomam um tempo enorme do dia, a leitura, que precisa mais concentração, requer parar e reservar uma parte do nosso tempo, foi perdendo espaço”, analisa Suzi.