Os sete candidatos à presidência do COI – 31/01/2025 – Marina Izidro



Em um dia nublado de inverno, na última quinta (30), em Lausanne, na Suíça, sete candidatos apresentaram propostas para ocupar um dos cargos mais cobiçados do esporte: a presidência do COI (Comitê Olímpico Internacional).

Cada um teve 15 minutos para tentar convencer os votantes, os membros do COI, uma lista de 110 nomes com ex-atletas, integrantes da realeza, uma ganhadora do Oscar, o presidente da Fifa e os brasileiros Bernard Rajzman, da geração de prata do vôlei em Los Angeles-1984, e Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional. Pelas regras, nada foi gravado ou transmitido. Quem vota não pôde fazer perguntas. Depois, os candidatos falaram com jornalistas.

A eleição para o sucessor do alemão Thomas Bach é em 20 de março. Dependendo de quem vencer, a forma como os Jogos Olímpicos são hoje vai mudar.

Sebastian Coe, Juan Antonio Samaranch Jr. e Kirsty Coventry são favoritos. Coe é campeão olímpico de atletismo, foi presidente do Comitê Organizador de Londres-2012 e tem o título de lorde. À frente da World Athletics, federação internacional do esporte, liderou o banimento aos russos e teria criado desafetos ao premiar com dinheiro medalhistas de ouro em Paris-2024. Sobre a participação de atletas transgênero em Olimpíadas, defende a “integridade do esporte feminino”.

Samaranch Jr. diz confiar em sua experiência de 25 anos no movimento olímpico. O pai dele presidiu o COI por 21 anos, incluindo em Barcelona-1992, Jogos exemplo de legado. Também vê a proteção a atletas mulheres como prioridade, assim como Coventry. A ministra dos Esportes do Zimbábue e campeã olímpica de natação ganhou pontos depois da apresentação. É vista como preferida de Bach, e pode ser a primeira mulher a liderar o COI em 130 anos de existência.

Competente, seria a renovação em meio a dirigentes homens brancos europeus. Passei a torcer por ela. Na coletiva de imprensa, enfrentando demonstração de machismo, foi a única candidata alfinetada por repórteres e teve que ouvir desaforo de uma mulher que questionou como ela seria presidente com um bebê de seis meses em casa. Coventry foi educada. Eu teria dito a essa jornalista para perguntar o mesmo aos homens.

Outro postulante é Johan Eliasch, presidente da Federação Internacional de Esqui e Snowboard, que defende limitar Jogos de Inverno a um grupo fixo de cidades e a participação de russos como atletas neutros. Se eleito, o príncipe Feisal Al Hussein, da Jordânia, não descarta tirar os Jogos de verão de julho e agosto, mudando o calendário para que mais países se candidatem. David Lappartient preside a Federação de Ciclismo e quer Jogos na África pela primeira vez. Morinari Watanabe, que comanda a Federação de Ginástica, tem a ideia esdrúxula de sediar Olimpíadas em cinco cidades dos cinco continentes ao mesmo tempo.

É uma disputa em que a linha de chegada não tem vencedor claro. Quem terminar em primeiro vai lidar com a organização de Los Angeles-2028 em um país presidido por Donald Trump, riscos ao esporte em meio ao aquecimento global, questões geopolíticas, guerras, doping, inteligência artificial etc. Baita responsabilidade e privilégio manter viva a marca mais cobiçada do planeta: os anéis olímpicos.


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