Novo voo de deportados chega em 7 de fevereiro a BH – 29/01/2025 – Mundo


Os Estados Unidos informaram às autoridades brasileiras que um novo voo com deportados está previsto para chegar ao Brasil no dia 7 de fevereiro.

O aviso de um novo voo ocorre dias depois de queixas públicas feitas pelo governo brasileiro contra maus-tratos cometidos contra um grupo de deportados que chegou ao Brasil no fim de semana, também em aeronave fretada pelos EUA.

O Itamaraty classificou de “tratamento degradante” dispensado aos brasileiros no voo, que foram algemados nos pés e nas mãos. A restrição por algemas é padrão em voos organizados pelos americanos para a remoção de imigrantes ilegais, mas os brasileiros relataram ainda agressões e dificuldades para serem autorizados a usar os banheiros.

Houve ainda falhas técnicas na aeronave e períodos em que ela permaneceu sem sistema de ar-condicionado.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai propor à administração Donald Trump a criação de um grupo de trabalho para discutir as deportações de migrantes brasileiros.

O objetivo, segundo interlocutores do governo brasileiro, será discutir com os americanos formas de obter a garantia de segurança no transporte e de tratamento com dignidade aos deportados.

A proposta foi decidida durante uma reunião, na terç-feira (28), do presidente brasileiro com ministros e demais autoridades, no Palácio do Planalto, para discutir a crise das deportações.

Nos bastidores, membros do governo afirmam que o Brasil vai buscar um diálogo sóbrio com as autoridades americanas, sem elevar o tom e sem provocações. A avaliação é que uma escalada não teria resultados práticos e poderia dar margem para radicalismos do governo Trump, que tem uma política de linha-dura contra a imigração.

No mesmo encontro, também ficou decidido que o governo brasileiro vai montar posto de acolhimento no aeroporto de Confins, em Minas Gerais, para deportados vindos dos Estados Unidos, mas não detalhou como deve funcionar a unidade.

O chanceler Mauro Vieira disse na reunião que o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA em Brasília, Gabriel Escobar, prestou bons esclarecimentos ao Itamaraty na segunda (27) sobre a atipicidade do voo que trouxe 88 brasileiros de volta ao Brasil.

Apesar de toda essa negociação vir à tona no governo Trump, um documento elaborado pela Defensoria Pública da União em setembro de 2022 também traz relatos de agressões sofridas por deportados brasileiros durante a gestão Joe Biden.

Entre os relatos, destaca-se o caso de uma criança brasileira que teria sido agredida por um guarda norte-americano, ainda no centro de detenção.

Também foi registrado o caso de uma mãe e sua filha menor de idade, que estavam acompanhadas pela avó nos Estados Unidos, mas acabaram sendo separadas.

“Vários relatos dão conta de que em determinado momento uma criança brasileira foi agredida por um dos guardas norte-americanos e isso fez com que os ânimos se exaltassem entre os brasileiros. Alguns relataram que, depois desse episódio, guardas norte americanos abordaram brasileiros dizendo que eles não deveriam exigir que a questão fosse levada a um juiz porque senão “haveria consequências”, mostra o documento de 2022.

O mesmo documento também relata que, algumas horas antes do embarque, os brasileiros adultos do sexo masculino foram algemados nos pés e nas mãos, com correntes que interligavam as algemas. Eles permaneceram algemados durante todo o período, desde o momento anterior ao embarque até a saída do avião em Belo Horizonte.

Alguns relataram ter permanecido algemados por 12 horas. As algemas, que conectam pés e mãos, forçaram os detidos a se manterem curvados em uma posição desconfortável. As algemas do grupo de 2022 dos pés teriam sido removidas apenas uma hora antes do pouso.

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