A julgar pelo novo relatório da Oxfam, organização que milita contra a desigualdade, a era dos nepobabies chegou. Levantamento anual realizado pela ONG britânica indica que 36% da fortuna dos bilionários atuais vem de heranças, e outros 24%, de “monopólios ou conexões com poderosos” –o documento se refere às três categorias como “riqueza imerecida”, em oposição à ideia de enriquecimento por trabalho contínuo ou uma ideia genial.
A velocidade com que essas fortunas se expandem, bem como aquela em que novos bilionários surgem, também aumentou. Em 2024, foram 204 novos bilionários, quase quatro por semana, totalizando 2.769 pessoas entre os mais de 8 bilhões de habitantes do planeta. Os cofres desse grupo seleto engordaram em US$ 2 trilhões ao todo, o triplo da marca do ano anterior.
Com isso, a Oxfam agora prevê que o mundo criará seus primeiros cinco trilionários dentro de dez anos. A previsão de 2023 era que a marca inédita fosse batida apenas por uma pessoa.
“A riqueza dos dez homens mais ricos do mundo cresceu em média quase US$ 100 milhões por dia — mesmo que perdessem 99% de sua riqueza da noite para o dia, ainda permaneceriam bilionários”, diz o comunicado da entidade.
No entanto, a organização afirma que essa expansão não ocorreu de forma disseminada. O número de pessoas que vive em condições de pobreza não diminuiu significativamente.
Em comunicado, a Oxfam, que prega a adoção de impostos maiores sobre grandes fortunas em nível global, cita nominalmente Elon Musk, o dono do X e da Tesla e agora detentor de um cargo no gabinete do presidente americano, Donald Trump, para relacionar a expansão de poder econômico a tentáculos políticos.
E aponta também uma desigualdade geográfica: embora perfaçam apenas 21% da população global, os países mais desenvolvidos abrigam 68% dos bilionários e 77% de suas fortunas, percentual ainda maior do que o de riqueza global que detêm, 68%. A organização atribui boa parte dessa disparidade ao pagamento de dívidas nacionais, que defende cancelar.