China anuncia maior hidrelétrica do mundo – 16/01/2025 – Mercado


No Dia de Natal, 25 de dezembro, num despacho curto da agência oficial Xinhua, Pequim registrou a aprovação da construção da maior usina hidrelétrica do mundo no rio Yarlung Zangbo, perto da fronteira com a Índia.

Segundo o texto, ela vai ajudar nos esforços chineses para “criar um novo padrão de desenvolvimento” no país, de maior tecnologia, e “alcançar o pico e a neutralidade de carbono”.

Também vai “aumentar a prosperidade da população de Xizang”, nome chinês do Tibete, “elevando a sensação de ganho, felicidade e segurança para pessoas de todos os grupos étnicos” da região autônoma.

Não foram informados detalhes como a localização exata, a data do início da obra ou suas proporções. Quanto ao custo, no ano passado, o departamento de águas de Chongyi estimou que a construção poderia consumir 1 trilhão de yuans (R$ 830 bilhões).

Quando o projeto foi apresentado publicamente, há quatro anos, o então presidente da estatal de construção no setor elétrico declarou que ele “não tem paralelo na história”. Yan Zhiyong enfatizou que a usina deve gerar mais de três vezes mais energia do que Três Gargantas, hoje a maior do mundo, no rio Yangtze, também na China.

De acordo com a projeção de um relatório da estatal, serão 300 bilhões de quilowatts-hora por ano, contra 88 bilhões de Três Gargantas. A usina foi incluída no 14º Plano Quinquenal da China, de 2021 a 25.

A reação indiana ao anúncio da construção foi, até o momento, contida, com o Ministério do Exterior dizendo ter instado Pequim a assegurar que os países para onde corre o rio Yarlung Zangbo não serão prejudicados –ele é chamado de Brahmaputra na Índia e de Jamuna em Bangladesh.

Além de ter “reiterado nossas opiniões e preocupações ao lado chinês”, disse o porta-voz Randhir Jaiswal, Nova Déli expressou “a necessidade de transparência e consulta”.

Pela chancelaria chinesa, a porta-voz Mao Ning disse que, “estudado há décadas, o projeto não tem impacto [sobre os vizinhos, com os quais] a China vai continuar a manter comunicação e acelerar a cooperação”.

Não ficou claro se houve coordenação prévia com a Índia, para o anúncio, mas um estudo publicado em 2023 pela Universidade Tsinghua, de Pequim, levantou supostos benefícios para os dois países vizinhos da China.

Entre eles, o período anual de navegabilidade cresceria até quatro meses, a irrigação na bacia ficaria 100% garantida e as áreas afetadas por enchentes seriam reduzidas em 33% na Índia e 15% em Bangladesh.

Por outro lado, segundo a imprensa indiana, o assessor de Segurança Nacional de Joe Biden, Jake Sullivan, perto de deixar o cargo, “correu” a Nova Déli para tratar da hidrelétrica chinesa. A questão acabou não sendo abordada nos relatos oficiais da visita, nos dias 5 e 6.

Há dois anos, um relatório do Instituto da Paz dos Estados Unidos, órgão federal criado pelo governo Ronald Reagan em Washington, avaliou que a divergência em torno do Yarlung Zangbo-Brahmaputra “desempenha papel significativo na disputa por espaço e influência” entre China e Índia. Mas minimizou o risco de uma “guerra da água”.

A disputa se dá em torno não só dos projetos hidrelétricos chineses, mas também dos indianos. Em julho do ano passado, Nova Déli adiantou os investimentos para construir 12 usinas hidrelétricas de menor porte no Brahmaputra.

A controvérsia em torno dos projetos de infraestrutura vai além da geopolítica. Acumulam-se alertas, voltados sobretudo à “mega” hidrelétrica chinesa, mas também às indianas, apontando riscos geológicos nas intervenções –salientados pelo terremoto do último dia 7, que deixou pelo menos 126 mortos na região.

Na própria China, o departamento geológico de Sichuan relatou, dois anos atrás, que “deslizamentos de terra e fluxos de lama e rocha induzidos por terremotos são frequentemente incontroláveis e também representam uma grande ameaça ao projeto” da barragem no Yarlung Zangbo.

Embora não se saiba com precisão onde ela será erguida, o rio é célebre pelo trecho, naquela área, em que cai 2.000 metros ao longo de apenas 50 quilômetros.

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